Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um soulslike, construído em cima da mentalidade de meus amados metroidvanias, desenvolvido pela Primal Game Studio e publicado pela Knights Peak. Nele, controlamos um inquisidor, ou inquisidora, que sai a caça de uma bruxa que mora no pântano e, segundo ordens de um tal Sacerdote Rei, precisa bater as botas o quanto antes. Nada de novo, não é mesmo?
E aí, será que vale a pena encarar essa missão? É o que veremos agora, em mais uma review mágica do Pizza Fria.
Bruxaria total
Me coloquem uma capa e me chamem de Drácula, leitores e leitoras do site mais totalmente excelente desse lado da internet, se não tivermos uma boa notícia em nosso caminho. Afinal, acabou de chegar mais um metroidvania quentinho para nossa degustação, algo que sempre consegue colocar um sorriso em meu rosto cansado e carrancudo. Que dia feliz!
Mandragora: Whispers of the Witch Tree chega com a proposta de entregar um metroidvania com elementos de souls, garantindo boas horas de dificuldade elevada, mortes, perda de recursos, palavrões, mais mortes, e por aí vai. Tudo que precisamos para saciar nossa sede de desafios, não é mesmo? Afinal, é o que torna a vida interessante.
Eu me lembro de ter ficado realmente interessado pelo título após jogar sua prévia, principalmente com seu visual e a maneira como dividia suas classes e suas respectivas habilidades. Mas, será que minhas esperanças foram atendidas? Ou, como costuma acontecer, foi apenas uma doce ilusão que terminou em mais uma rachadura em meu coração? É o que saberemos agora.

História
A trama de Mandragora: Whispers of the Witch Tree começa com nosso boneco executando uma bruxa e recebendo uns poderes estranhos. Nada fora do normal, mais um dia de trabalho, não é mesmo? Contudo, essa parada não agradou em nada o Sacerdote Rei, nosso grande líder e estrela guia. Como forma de punição, o dito cujo decide que o mais correto é nos enviar para um pântano nojento em busca de uma segunda bruxa para capturarmos e, dando tudo certo, trazermos com vida para um questionamento totalmente amigável.
Daí, nossa jornada nos leva para diversos lugares de um reino tomado pela destruição, monstros, corrupção moral e espiritual, bandidos violentos, fauna e flora com sede de sangue, enfim. Realmente uma terrinha boa de se viver. Além disso, começamos a entender que as coisas não são tão simples como nos foi ensinado a vida toda, e há muito mais por trás das ordens e ambições do Sacerdote Rei.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree tem uma narrativa interessante, que não sai tanto dos confinamentos do gênero de fantasia sombria mas faz mais do que o suficiente para nos manter engajados durante toda sua duração. Ainda que a jogabilidade seja o maior atrativo, posso dizer que curti acompanhar os desenrolares da trama e achei a ambientação bem legal.

Jogabilidade
Em se tratando de jogabilidade, Mandragora: Whispers of the Witch Tree se comporta como um RPG de ação 2.5D. Andamos de um lado para o outro completando missões, explorando ruínas, cidades e outros lugares enquanto matamos monstros, conseguimos equipamentos melhores, encontramos mais gente para se unir a nossa caravana, subimos de nível, e por aí vai.
A primeira escolha que precisamos tomar é de qual classe devemos ser. Elas estão, em sua maioria, divididas entre mágicas e físicas, além de algumas que fazem um misto das duas. Cada uma conta com sua própria barra de recursos, e são suficientemente diferentes para garantir que cada jogador consiga um estilo de jogo que tenha a ver consigo.
Cada classe de Mandragora: Whispers of the Witch Tree possui sua própria árvores de habilidades, composta de melhorias para atributos básicos e efeitos passivos. Além disso, podemos adquirir novas habilidades equipáveis através de exploração de mapas, lutas contra chefes e mini-chefes, e por aí vai. Após certo momento, inclusive, podemos começar a explorar outras árvores para criar classes híbridas ainda mais fortes.
Eu achei esse sistema bem legal, tanto por sua liberdade de customização quanto pelo potencial de criar algumas builds bem quebradas. Por exemplo, meu boneco era uma máquina de envenenar com uma espadona nervosa e toneladas de vida. O único problema, acredito eu, é que certos nós que liberamos nestas árvores dão atributos passivos muito pequenos.

O combate de Mandragora: Whispers of the Witch Tree se dá através de golpes físicos, habilidades (mágicas ou não), esquivas e pulos. Tudo o que fazemos é governado por nosso fôlego, que precisa ser controlado se não quisermos morrer de cansados. Para o caso de acabarmos indo base, ou voltamos e pegamos o que perdemos ou tudo vai para o saco de vez.
É bem divertido lutar com os diversos inimigos, principalmente quando liberamos mais habilidades. Contudo, sinto que poderíamos ter mais slots para colocarmos nossos poderes, porque realmente existe uma variedade interessante deles e não conseguimos usar todos. Principalmente quando falamos de magias, que precisam de seus próprios catalisadores.
No quesito jogabilidade, o que mais me incomodou em Mandragora: Whispers of the Witch Tree são as partes com armadilhas. Elas são bem frustrantes, e geralmente ou nos matam ou retiram um bom pedaço de vida. Levando em conta que certos pedaços do jogo são bem longos, morrer porque pisamos em um espinho não é algo bem legal.

Sons e Visuais
Mandragora: Whispers of the Witch Tree conta com visuais bem legais que, embora não sejam nada fora do padrão, conseguem construir uma atmosfera bem interessante. Além disso, as animações foram muito bem feitas e os diversos poderes e golpes acertam os inimigos com um bom impacto. Contudo, sinto que houve certa repetição de subchefes e chefes.
A trilha sonora não é nada demais, caindo exatamente no que eu esperava de um título desse tipo e porte. Contudo, os efeitos sonoros ficaram bem legais e agradáveis de ouvir, ajudando na construção dessa atmosfera que tanto falo. Ah, e temos legendas em português do Brasil!

Vale a pena jogar Mandragora: Whispers of the Witch Tree?
Mandragora: Whispers of the Witch Tree, leitores e leitoras, me agradou bastante. Acredito que o jogo conseguiu cumprir sua proposta e, mais importante, construir uma boa experiência em cima das fundações sólidas que foram apresentadas em suas prévias. Ainda que não seja perfeito, o jogo conseguiu representar o gênero com sucesso.
Temos um combate divertido e variado, com uma boa quantidade de habilidades, classes e melhorias para liberar. Além disso, a estrutura metroidvania e as diferentes missões e segredos concedem uma boa quantidade de coisas para fazer. Contudo, sinto que deveríamos poder usar mais poderes em nossa barra, que algumas partes são enjoadas por conta das armadilhas e que certas melhorias não são tão impactantes como deveriam.
Mas, tudo considerado, gostei de meu tempo com Mandragora: Whispers of the Witch Tree. O jogo entregou o que prometia, e conseguiu matar minha eterna sede por metroidvanias. Apesar de um ou outro deslize, acredito que ele é mais do que suficiente para agradar os apreciadores do gênero ou, até, os que ainda não o conhecem.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree está disponível para PC, via Steam, Epic Games Store e GOG.com, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Review feita em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Knights Peak.