Baseado em uma das webcomics francesas mais queridas dos últimos 20 anos, Maliki: Poison of the Past marca a estreia da carismática heroína de cabelos cor-de-rosa no universo dos videogames. Desenvolvido pela Blue Banshee em parceria com a Ankama — estúdio por trás de Dofus e Wakfu —, o game busca transportar o espírito excêntrico e mágico da HQ para uma aventura solo recheada de viagens temporais, combate estratégico e momentos de pura fofura.
Essa foi minha primeira experiência com a franquia Maliki, e confesso que cheguei ao jogo sem ter lido as HQs, assistido às animações ou consumido qualquer outro material. Ainda assim, não me senti perdido: o título funciona bem como porta de entrada, apresentando os personagens com carisma e construindo, aos poucos, uma história envolvente — ainda que um pouco confusa em alguns momentos. Conto tudo que achei agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Uma fábula ecológica em tons de RPG
Maliki: Poison of the Past nos leva a um futuro onde a humanidade foi praticamente extinta por Poison, uma criatura vegetal capaz de distorcer o espaço-tempo. Cabe a Maliki e seu grupo de aliadas excêntricas — como Becky, Fang e Fenimale — reverter esse caos e restaurar o equilíbrio do mundo.
No controle de Sand, uma nova personagem com um papel central na missão, o jogador explora diferentes eras da história, desvendando enigmas temporais e enfrentando criaturas em mapas repletos de detalhes.
No fim, o que temos é uma mistura interessante de fantasia, crítica ecológica e boas doses de humor, tudo com uma estética vibrante e uma atmosfera nostálgica — desde a trilha sonora até o gameplay que remete aos clássicos dos JRPGs por turno.

Batalhas com manipulação temporal e um toque retrô
O ponto alto do sistema de combate é a manipulação do tempo. O jogador pode atrasar os inimigos, adiantar o golpe de algum aliado e até mesmo criar poderosos combos a partir dessas interações temporais. Apesar de ser uma mecânica complexa de ser explicada em poucas palavras, ela se torna intuitiva conforme se experimenta e descobre o potencial dos personagens.
Entre aquilo que o jogo chama de fases, o jogador sempre pode voltar ao Domínio, uma espécie de lar temporário onde se colhe, planta, cozinha, constrói e cultiva a Árvore das Mil Raízes — essencial para manter o fluxo temporal sob controle. Esse ciclo de exploração, combate e descanso cria um ritmo agradável e nostálgico, evocando jogos do estilo cozy em espírito.

Fases bonitas, mas com pouca orientação
Apesar de seu charme, Maliki: Poison of the Past peca na orientação do jogador. Como não há minimapas nas fases nem um menu de missões para acompanhar o progresso, a navegação pode se tornar um pouco confusa. Muitas vezes é necessário lembrar “na marra” onde encontrou determinado obstáculo e retornar manualmente depois de conseguir uma nova habilidade. Isso quebra um pouco o ritmo, especialmente para quem prefere uma estrutura de exploração mais fluida ou linear.
A estrutura em fases, por sua vez, remete a um estilo mais clássico — o que contribui para o apelo nostálgico, mas pode afastar quem prefere mundos mais abertos e interconectados.

Uma experiência sólida no Steam Deck
Joguei Maliki: Poison of the Past no Steam Deck e fiquei positivamente surpreso com o desempenho. Mesmo sem a verificação oficial da Valve no momento do teste, o game rodou perfeitamente com gráficos no Ultra e taxa de quadros estável, usando as configurações automáticas do sistema. Não enfrentei quedas, bugs ou qualquer dificuldade técnica — uma ótima notícia para quem pretende jogar em portáteis.

Vale a pena jogar Maliki: Poison of the Past?
Mesmo com algumas limitações, Maliki: Poison of the Past entrega uma experiência rica, criativa e carismática. O sistema de combate com manipulação temporal é refrescante, os personagens têm personalidade de sobra, e o estilo visual é uma verdadeira fusão de cultura pop francesa com o chibi japonês. A ausência de recursos como minimapas ou log de missões pode frustrar em certos momentos, mas não ofusca a qualidade geral do jogo.
Se você gosta de RPGs com pegada clássica, humor peculiar e mecânicas criativas, vale a pena embarcar nessa jornada temporal — mesmo que, como eu, você esteja conhecendo Maliki pela primeira vez.
E sim… você pode fazer carinho nos gatos.
Maliki: Poison of the Past chega nesta terça-feira, 22 de abril, para PC, via Steam, e Nintendo Switch. Uma demo também está disponível para testes na plataforma da Valve.B
*Review elaborada em um Steam Deck, com código fornecido pela Ankama Games.
Maliki: Poison of the Past
BRL 93,90Prós
- Mecânica de combate original com manipulação temporal
- Personagens carismáticos e visual encantador
- Ambientação nostálgica e trilha sonora aconchegante
- Desempenho excelente no Steam Deck
- Boa introdução ao universo Maliki para iniciantes
Contras
- Falta de minimapa ou log de missões pode confundir
- Estrutura em fases limita a sensação de mundo conectado
- Narrativa um pouco confusa em alguns momentos